sexta-feira, 28 de setembro de 2007

PEIDEI mas não fui eu...


O tempo do lobo bobo já era!
João Luís Woerdenbag Filho, vulgo Lobão, deu essa semana uma aula de marketing pessoal. De camiseta preta com a frase branca "PEIDEI, mas não fui eu", foi à TV Senado, a uma rádio – do exército! - em Brasília e ao Programa do Jô. À primeira vista a camiseta incomoda como um pum. Quando ele explica que é por causa do contexto político atual, a camiseta preta ganha um status menos bunda e fica mais cabeça. Segundo ele, o choque é muito maior do que o batido "nariz de palhaço", ou o carola "dignidade já!", ou o brochante "cansei".

Assisti à entrevista no Jô (25/09/2007) e claro que só se falou da tal camiseta e do momento político que estamos vivendo. Aliás, com essa conotação política, a camiseta seria oportuna em quase todos os momentos da história do Brasil. Lobão disse ainda que o PEIDEI é o embrião de um partido político, o PMNFE(Peidei, mas não fui eu), e que no próximo carnaval vai ter o bloco do PEIDEI. Segundo ele, só mesmo com muita galhofa podemos enfrentar os disparates da política nacional.

Então ele deu asas à sua imaginação galhofeira! Pegou a melodia de "O que será" de Chico Buarque e compôs um imbróglio nervoso, que ele disse impressionar pela prosódia... Depois fez um convite público ao Chico, ao Milton e ao Caetano para gravarem com ele! Os quatro cantando juntos! Isso logo depois de ter dito que a 'esquerda musical' (sic!) desse país estava meio calada...

Ah! Ele também está lançando o seu Acústico MTV - hahá! Depois de muito brigar com gravadoras e tentar soluções inovadoras como vender cd em banca de jornal; depois de se tornar um dos caras que mais entendem de custo e distribuição de cds no Brasil; Lobão volta para as 'velhas' mídias que lhe possibilitam uma visibilidade muito maior. Visibilidade essa que ele consegue ampliar... como quem solta um pum... discreto, mas causando muito barulho logo em seguida.

"Ó quem será que peidar" (2007)
(paródia de Lobão)

Ó, quem será que peidar
que tire o cu da reta e não demore
com a mão amarela, se inocente
que sem prova concreta não dá pra pegar
e todos os trambiques irão te salvar
com todos os auxílios da presidência
e todo benefício da leniência
de todos os decretos que te aliviam
pois quem não tem vergonha quando chafurda
não entende o desespero de coisa alguma
pois quem não tem decoro, nem nunca terá
porque não dá castigo.

Ó quem será que peidar
que apague a luz dos aeroportos
pra debaixo do tapete todos os mortos
e vem gente me pedindo: relaxa e goza
colhendo os impostos para a mesada
na eterna incompetência do governante
impondo com orgulho a falcatrua
a dança do larápio que ganha a rua
enquanto que a gente a se perguntar
aonde é que a gente então vai parar
e se não tem remédio, pra que implorar
a quem não dá ouvido

Ó quem será que peidar
desfaça o flagrante dos mensaleiros
e faça um desagravo pros brasileiros
é só um feriado que a gente esquece
se benza duas vezes com a mão na massa
com a cara de enlevo ninguém vai notar
triplique o dinheiro pra olimpíada
com a cara de tacho que te consagra
no próximo vexame ninguém vai lembrar
não há merecimento nem nunca haverá
por que ninguém exige nem exigirá
tua cabeça a prêmio.

 


Ele cantando até que fica melhor do que lido... mas assim como a camiseta... só impressiona a primeira vez. Além do que a métrica é toda torta... putz! É a tal estética ‘rock’n roll’...

Porém, gostei da entrevista e gostei da camiseta. A MTV também deve ter adorado!
O Chico Buarque é que não deve ter gostado muito de ter sido chamado de 'esquerda musical'...

No neoliberalismo global mundializado até indignação vira marketing.
Nessa vida bandida, meus heróis morreram de overdose, na velocidade da queda...

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E logo depois já rolava no youtube...