sexta-feira, 20 de junho de 2008

When I'm sixty four... You'll be older too!

Deve ter sido bonita a festa, pá! O jovem Chico Buarque fez aniversário ontem! Jovem sim, pois o Velho Chico é outro rio. O Buarque ainda é boleiro. Anda por aí num passo apressado, de tênis e bom humor! O Chico de 64 anos tem mais lenha pra queimar do que a Amazônia!

Assim como os Beatles e os Rolling Stones, Chico é das melhores coisas da cultura do século XX. Assim como os Beatles (When I'm sixty-four) e Caetano Veloso (O Homem Velho), Chico também já refletiu sobre a velhice em suas canções (O Velho - O Velho Francisco). Mas Chico sobreviveu talentosamente, literariamente, visceralmente, a todos os Beatles e Rolling Stones e tantos outros mortos vivos... Time is on his side!
O poeta Leminsky, sempre certo e sensível, dizia que o povo ama seus poetas.



Essa percepção de Leminsky podemos constatar em nós mesmos. Quase todos os dias eu me lembro de um Vinícius de Moraes que vi há tanto tempo na tv. Em branco e preto, são e calvo, Vinícius dizia pra câmera que todos os dias ele pensava nos seus amigos. Todos os dias. E ia citando sem constrangimento de esquecer ninguém: Pixinguinha, Tom Jobim, Chico Buarque, Manuel Bandeira... E por aí ele ia... Eu também vou por aí, e além dos meus caros amigos de sempre - por força das circunstâncias sempre estão distantes -, penso eu também, todos os dias, em nossos artistas. Esses sim sempre pertos, espertos e presentes. Como o Chico Buarque.

A última vez que o vi foi semana passada, no ótimo filme sobre o fotógrafo Evandro Teixeira, "Instantâneos da Realidade". Chico, sempre um gozador, se auto ironiza dizendo que está ficando com a cara dos velhinhos que aparecem nas fotos do Evandro. E o Evandro nem riu! Aliás, o Chico contou a divertida história dessa foto, idéia do Vinícius, claro! Reparem como a luz de Deus cai direto nele!
Nossos artistas acompanham-nos pela vida toda. Maravilham-nos e nos fazem vigia... De toda poesia que entornam no chão. E jamais envelhecem.