terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Buffalo Soldier!


Michelle Obama é a primeira primeira dama negra dos States! Barack Obama, 'buffalo soldier', seduz pela palavra. Como os velhos bardos mitológicos e poetas épicos. Feitiço havaiano. Por isso até o conservador Elvis Presley iria curtir. Walt Whitman branco e homossexual iria curtir. Bob Marley negro e heterossexual também curtiria. Muito. Assim como Castro Alves, José do Patrocínio, Machado de Assis e Monteiro Lobato.

Dizem que as épocas são de fato gestoras de seus próprios líderes. Para além da aceitação popular - sem precedentes no mundo - o fato dele ter começado a carreira fazendo trabalhos sociais é uma diferença interessante para esses tempos cruéis. Novas lideranças ainda podem surgir de lugares inusitados e o que impressiona é a força que a política ganha. Justamente num momento em que a economia se encontra tão debilitada. Nem o esporte, nem a arte, nem a religião consegue nos unir dessa maneira. Justamente o que parece mais nos separar, justamente o que não se discute. A força está na vontade, na palavra e na esperança.

Mas há quem diga que com Barack ou sem Barack estamos na mesma. Que tudo é apenas um disfarce do imperialismo. Que o otimista é um pessimista mal informado e que é preciso que as coisas mudem para continuarem como sempre foram. E que sonhar também pode tornar-se um pesadelo... Tudo isso dito, voltemos ao fenômeno Obama.

Conquistou um máximo de eleitores jovens. Fez campanha usando novas mídias, gente nova e não desprezou também velhos recursos e conchavos. Em sua posse o google e outros sites despencaram a frequência. Em compensação o twitter bombou! Todos queriam dizer onde estavam e o que sentiam. Apesar do frio de rachar... Discurso impecável. Pra tempos de crise, escrito por um jovem de 28 anos a partir de conversas com o presidente eleito. Depois de toda a euforia do "young power" dos anos 60, passados 40 anos de 1968, enfim parece que nessa eleição os jovens finalmente foram decisivos. Assim como Michelle, ma belle.

John Lennon disse uma vez que a mulher era o negro do planeta. A maior conquista dessa eleição parece ter acontecido no campo simbólico. É improvável que a dimensão real ultrapasse esse signo sem desgaste. Como o Brasil do tempo de Lulalá! Falando nisso, vocês conhecem o Obameter? Muito interessante! Deveríamos ter um Lulameter também! Seria muito útil além de muito divertido, educativo...

Pra terminar, uma canção também simbólica - de um tempo em que ninguém imaginaria ser possível um presidente negro nos States:


"Buffalo Soldier" (1981)
(Bob Marley - King Sporty)

Buffalo Soldier, Dreadlock Rasta
There was a Buffalo Soldier
In the heart of America
Stolen from Africa, brought to America
Fighting on arrival, fighting for survival

I mean it, when I analyse the stench
To me, it makes a lot of sense
How the Dreadlock Rasta was the Buffalo Soldier
And he was taken from Africa, brought to America
Fighting on arrival, fighting for survival

Said he was a Buffalo Soldier, Dreadlock Rasta
Buffalo Soldier, in the heart of America

If you know your history
Then you would know where you coming from
Then you wouldn't have to ask me
Who the heck do I think I am

I'm just a Buffalo Soldier
In the heart of America
Stolen from Africa, brought to America
Said he was fighting on arrival
Fighting for survival
Said he was a Buffalo Soldier
Win the war for America

Dreadie, woe yoe yoe, woe woe yoe yoe
Woe yoe yoe yo, yo yo woe yo, woe yoe yoe
(repeat)
Buffalo Soldier, trodding through the land
Said he wanna ran, then you wanna hand
Trodding through the land, yea, yea

Said he was a Buffalo Soldier
Win the war for America
Buffalo Soldier, Dreadlock Rasta
Fighting on arrival, fighting for survival
Driven from the mainland
To the heart of the caribbean

Singing, woe yoe yoe, woe woe yoe yoe
Woe yoe yoe yo, yo yo woe yo woe yo yoe
(repeat)

Trodding through San Juan
In the arms of America
Trodding through Jamaica, a Buffalo Soldier
Fighting on arrival, fighting for survival
Buffalo Soldier, Dreadlock Rasta
Woe yoe yoe, woe woe yoe yoe
Woe yoe yeo yo, yo yo woe yo woe yo yoe



sábado, 17 de janeiro de 2009

Maysa, quando canta o coração!


Férias! Também peguei a febre Maysa! Senti-me uma macaca de auditório! Noves fora, não perdi um capítulo! E ainda vim pra internet ver o que estava acontecendo em torno da tal mini-novelinha. Sob vários aspectos, nunca houve nada parecido com essa super-produção global. Um filho - o sr. diretor Monjardim - podendo pagar ao vivo e a cores, com a maior competência, o que devia à mãe artista. E que artistas! Ao final o diretor dedicou o trabalho à mãe e assinou a dedicatória. E apesar de ter sido apenas um flash final, foi comovente.

Nos anos 70 o disco da novela “Estúpido Cupido” não saía da vitrola lá de casa. Mas os hits eram o “Biquini de Bolinha Amarelinha”, “Neurastênico”, “Broto Legal” e as da Celly Campelo, todas alegres e divertidas. Aliás foi por causa dessa novela que passamos a cantar essas músicas dos 60's e adoramos a Celly Campelo. Já na música “Meu mundo caiu” de Maysa a gente pulava, pulava a faixa! Muito deprê pra quem tinha 10 anos de idade e irmãos ainda menores, mas, com o tempo fui gostando cada vez mais daquela voz grave e também dos trombones do arranjo. No fim, até pelo exagero infantil, a música também passou a fazer parte das nossas dublagens performáticas.
Foi assim que Maysa deve ter aparecido pela primeira vez pra toda a minha geração, na trilha da novela “Estúpido Cupido". Uma geração depois e ela reaparece pela mesma tela. Fora isso, não havia discos de Maysa em casa. Não tocava mais no rádio, nem aparecia na TV. Aliás ela ainda estava viva quando a novela foi ao ar. Morreria só em 1977, antes do Elvis Presley, e mais nova que ele também.

Maysa foi parte de uma geração existencialista, pós Segunda Guerra Mundial, quando era chique ser triste. Antes da fenomenal bossa-nova a velha fossa estava bombando. Some-se a isso um coração insatisfeito: - “Mesmo que os cantores sejam falsos como eu serão bonitas, não importa são bonitas as canções” - e uma cantora verdadeira. Assistir o programa foi pra mim o encontro com uma grande artista. Só tenho uma crítica: meteram um intervalo comercial bem no meio da música “Ne me quittes pas”. Desrespeito total! Imagino que o diretor não deve ter gostado nada disso também.

Mas a gente pode se vingar assistindo online a real interpretação:



Aliás, uma rápida volta pela internet e ficamos sabendo que a Globo se arrependeu de ter reduzido para 9 capítulos, pois chegou a alcançar 30 pontos no ibope. Muitos méritos, novos atores - impressionante o trabalho da Larissa Maciel -, muita técnica de todos na interpretação, cenografia, figurino e sonoplastia. Mas o melhor mesmo foi voltar a ouvir Maysa. Fiquei principalmente interessado em suas interpretações de músicas estrangeiras. Não sabia que ela havia gravado “Round Midnight”, tinha esquecido do “Ligth My Fire” e gostei das castelhanas também. Fiz uma seleção só com essas estrangeiras. Salve o player mp3!

E foi navegando atrás de Maysa que aportei em mais uma cantora: Ithamara Koorax - brasileira eleita pela revista Downbeat uma das 5 melhores cantoras de jazz de 2008! E olha que a moça já tem discos desde 1993! Nesses tempos de cantoras da web, como a gente pode passar tanto tempo sem conhecer um trabalho tão interessante como o da Ithamara? Salve, salve as cantoras do rádio! - Que nos chegam pela ficção, pela rede e pelo ouvido... Meu mundo levitou!

algumas da febre Maysa e outros links:
- fotos de Maysa
- Maysa & Amy Whinehouse
- site oficial da minissérie
- entrevista com Manuel Carlos o autor do texto
- entrevista com Ithamara Koorax