segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Abram alas que Gegê vai passar!

Hoje fez 55 anos que Getúlio Vargas saiu da vida pra entrar na história e o velhinho continua sendo capa de jornal. Os jornais de hoje deram a notícia, foram encontrados centenas de 'bilhetinhos' que ele despachava pra Lourival Fontes, chefe da casa civil de seu governo de 1951 a 1954.

(continuo depois...)

sábado, 22 de agosto de 2009

Da série Historiadores - Nicolau Sevcenko.

Nicolau Sevcenko é um historiador brasileiro. Falou russo antes de português, vendeu sucata, jogou handebol (na seleção brasileira!) e conviveu com Sérgio Buarque e Eric Hobsbawm.

Pesquisador precoce e genial de inúmeras façanhas, ele tem uma história de vida das mais incríveis!

Confira entrevista na Revista de História da Biblioteca Nacional.

Atualmente leciona em Harvard. E considerando sua origem e brasilidade... Isso é sem dúvida mais uma façanha!

Para uma rápida apresentação leia artigo recente do site e-educador.

Pra terminar veja uma interessante experiência de um texto de Sevcenko editado com imagens.

domingo, 16 de agosto de 2009

Woodstock!


Os versos de Bob Dylan são misteriosos e inquietantes:
"Alguma coisa está acontecendo
e você não direito sabe o que é..."

Parecia ser esse o clima que contagiava a juventude dos sixties. Algo parecido com o que você sente sábado à noite quando não programou nada, o telefone não toca, e a sensação aumenta: - Ficar em casa é definitivamente perda de tempo...

Pois a idéia de reunir música e gente numa fazenda nos arredores de Nova Iorque era inédita. Esperava-se umas 50 mil pessoas... Apareceram meio milhão de jovens!
Três dias de som e paz! Nenhuma morte...
Ao contrário, dizem que alguns bebês nasceram naquelas barracas... Imaginem quantos da geração seguinte foram gerados lá!

Um dos pontos altos da apresentação foi Jimmy Hendrix. De longe, o artista que mais conseguiu encarnar o espírito daqueles dias. Um virtuose da guitarra. Um xamã que se transformava em seu instrumento com a cor de sua época. Sua apresentação como sempre foi 'uma experiência'. Apesar da banda recém formada ("Gypsy Suns and Rainbows"), da visível falta de ensaio e da dose extra de LSD. Mas a arte do cara era maior que tudo... Are you experienced? E você, já experimentou?

Rolava a guerra do Vietnã desde 1954. A Guerra Fria em sua face mais cruel. Os EUA mandavam tropas para conter os Vietcongs, guerrilheiros do Vietnã do Norte apoiados pela URSS. O auge do tal mundo bipolar: capitalistas x socialistas. Os jovens americanos e vietnamitas morriam aos milhares numa guerra de guerrilha que prometia arrastar ainda muitos cadáveres. Porém, as imagens da guerra acabavam aparecendo nas revistas, na televisão e nos jornais. A opinião pública aos poucos se indignava contra aquelas atrocidades.

Então Jimmy pega sua Fender Stratocaster e começa a tocar "Star Spangled Banner", o hino americano, em pleno show de rock? Deve ter sido um estranhamento... Momento cívico em show de doidões? Mas aí o cara começa a fazer uns sons bem estranhos! E olha que ele não tinha a pedaleira que qualquer garoto que toca guitarra hoje tem.

Logo, todos puderam ouvir barulhos de bombas? O som dos rasantes dos caças MIG-25 lançando bombas! E as cordas da guitarra vibravam em bombas e em gritos e em sirenes! E tudo enxertado no hino do país dono dos caças! Foi um momento sublime... Nunca um protesto musical foi tão contundente, tão arrasador, tão silencioso, tão barulhento! Nem uma palavra... Apenas sons, que simbolizavam o sentimento de indignação de um jovem, que sintonizava e sintetizava a melhor intenção de todos. E sem mais melodramas, um corte rápido, o acorde final e o ataque das cordas para o próximo solo!



Jimmy morreu no ano seguinte, antes dos trinta anos! Não viu o fim da guerra que só acabou em 1975. Mas essa imagem de jovens brilhantes brilhando ficou... Para nos inspirar contra o poder desumano. E a favor de mensagens que caiam como bombas, para construir a paz entre os países e deixar o som rolar melhor... It's only rock'n roll but I liked...

Poucos artistas conseguiram resumir a indignação existencial humana com a força criativa que a obra de arte permite. Assim como Edvard Munck na tela "O Grito" de 1893, um jovem guitarrista de Seatle compôs uma obra de arte imediata, condensada, poderosa. Ao vivo. De improviso. Com a matéria-prima de som e fúria, a melhor de sua geração. Sintetizando em som a indignação humana... E o mundo nunca mais seria o mesmo... E eu também achei lindo...