Michelle Obama é a primeira primeira dama negra dos States! Barack Obama, 'buffalo soldier', seduz pela palavra. Como os velhos bardos mitológicos e poetas épicos. Feitiço havaiano. Por isso até o conservador Elvis Presley iria curtir. Walt Whitman branco e homossexual iria curtir. Bob Marley negro e heterossexual também curtiria. Muito. Assim como Castro Alves, José do Patrocínio, Machado de Assis e Monteiro Lobato.
Dizem que as épocas são de fato gestoras de seus próprios líderes. Para além da aceitação popular - sem precedentes no mundo - o fato dele ter começado a carreira fazendo trabalhos sociais é uma diferença interessante para esses tempos cruéis. Novas lideranças ainda podem surgir de lugares inusitados e o que impressiona é a força que a política ganha. Justamente num momento em que a economia se encontra tão debilitada. Nem o esporte, nem a arte, nem a religião consegue nos unir dessa maneira. Justamente o que parece mais nos separar, justamente o que não se discute. A força está na vontade, na palavra e na esperança.
Mas há quem diga que com Barack ou sem Barack estamos na mesma. Que tudo é apenas um disfarce do imperialismo. Que o otimista é um pessimista mal informado e que é preciso que as coisas mudem para continuarem como sempre foram. E que sonhar também pode tornar-se um pesadelo... Tudo isso dito, voltemos ao fenômeno Obama.
Conquistou um máximo de eleitores jovens. Fez campanha usando novas mídias, gente nova e não desprezou também velhos recursos e conchavos. Em sua posse o google e outros sites despencaram a frequência. Em compensação o twitter bombou! Todos queriam dizer onde estavam e o que sentiam. Apesar do frio de rachar... Discurso impecável. Pra tempos de crise, escrito por um jovem de 28 anos a partir de conversas com o presidente eleito. Depois de toda a euforia do "young power" dos anos 60, passados 40 anos de 1968, enfim parece que nessa eleição os jovens finalmente foram decisivos. Assim como Michelle, ma belle.
John Lennon disse uma vez que a mulher era o negro do planeta. A maior conquista dessa eleição parece ter acontecido no campo simbólico. É improvável que a dimensão real ultrapasse esse signo sem desgaste. Como o Brasil do tempo de Lulalá! Falando nisso, vocês conhecem o Obameter? Muito interessante! Deveríamos ter um Lulameter também! Seria muito útil além de muito divertido, educativo...
Pra terminar, uma canção também simbólica - de um tempo em que ninguém imaginaria ser possível um presidente negro nos States:
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