quarta-feira, 7 de março de 2012

Dama de Ferro, a História no Cinema.


O filme Dama de Ferro me fez chorar a dor das alucinações dos velhinhos que entraram para a história mas ainda não saíram da vida...

Sala escura, tela preta, o filme bem poderia ter começado com a epígrafe famosa de James Joyce, "A história é um pesadelo do qual tentamos acordar".

Maryl Streep nos impõe sua atuação impecável desde o início, mas também gostei muito da atriz que faz a jovem Margareth. O projetor também lançou um pouco de luz sobre minhas memórias juvenis, isso porque eu comecei a prestar alguma atenção aos assuntos políticos justamente no período em que Margareth Tatcher foi a primeira e até agora única primeira-ministra britânica.

Apenas 11 anos, esse período de 1979 até 1990, e o mundo foi mudado de maneira irreversível. A URSS acabou e com ela a Guerra Fria. O comunismo foi varrido do leste-europeu. O neoliberalismo econômico, ainda em moda por aí, passou a ser o principal modelo adotado, em maior ou menor medida, por países do mundo inteiro. As utopias socialistas foram desbaratadas e o Estado aliou-se ao capital da maneira mais profunda e contundente do que nunca antes na história.

O filme utiliza muito bem as assustadoras imagens de época: protestos no Reino Unido (o que é aquela multidão em um balé de força com a polícia?!), atentados do IRA , Guerra das Malvinas e até uma delirante dança entre Reagan, então presidente dos EUA e Tatcher, então o 'homem' mais poderoso da Inglaterra, no dizer do próprio ex-cowboy do cinema americano.

O enredo em retrospectiva - como convém à memória e às alucinações - dá um bom ritmo ao filme. O humor inglês ficou por conta do personagem 'marido de Tatcher', que se foi mesmo daquele jeito, deve ter sido o antídoto histriônico a uma dama sisuda a qual os soviéticos bem apelidaram "de ferro". Mas como contrapeso o enredo também mostra, uma mãe aflita, mandando cartas de próprio punho, para o conforto de outras mães que perderam seus filhos na Guerra das Malvinas.

Acho que a última vez que vi a baronesa Margaret Tatcher em uma aparição pública foi, se não me engano, no casamento da realeza britânica do ano retrasado. Com a saúde debilitada, a Tatcher real não deve ter tido o prazer, ou desprazer, de ver a versão cinematográfica de sua vida, que mesmo em alguns momentos um tanto piegas, como convém às biografias, pelo menos vale o ingresso e a tarde refrigerada em oposição à terrível canícula que curtia o ar lá fora da sala escura.

Um comentário:

Agrovantec disse...

Olá professor,como está? espero que muito bem.Sou aluno do extensivo manhã do coc, meu nome é Karlmer e obrigado por ser o professor que é. Demorou muito para achar um jeito de mandar uma mensagem para você por aqui husahusahusa. Não uso muito o blogger ou outro meio de chat. Me cansei sabe... ficar preso num pc o dia todo sem fazer nada produtivo me fez ver que posso mudar quando quiser. Mas agora estou aqui usando por outro jeito.
Então professor...Gostaria de saber por que Calicute era o lugar a ser chegado pelos portugueses para obter as especiarias e não outro lugar para usar essas na busca do lucro? Por que Portugal ao conseguir o lucro tão alto com as especiarias e com a extração do pau-brasil, não optou por expandir seus territórios pela Europa?Hoje talvez tornariam o país como um dos mais ricos talvez e mais falado na modernidade. E ao estudar sobre as migrações pelo mundo, Delmonte, eu pensei sobre o filme, Desbravadores, sobre os vikins que poderiam ter chegado antes no Brasil que os portugueses. E gostaria de sua opinião sobre o fato. Gosto muito de histórias e lendas, fanático pelos povos nordícos. Sua experiência seria muito boa para uma compreensão mais aprofundada sobre o assunto. OBrigado por tudo professor e tenha um ótimo dia.