segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Jornal Nacional embarca com D. João VI
Há duzentos anos a corte portuguesa saía de Portugal rumo ao Brasil. O Jornal Nacional começou hoje a apresentar uma série para lembrar a aventura. Isso é uma prévia do que acontecerá o ano que vem no aniversário de 200 anos de Corte Lusa no Brasil. Assita a reportagem.
sábado, 24 de novembro de 2007
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Heróis da Liberdade!
Para Antonio, Chica, Zumbi, Mano, Manoel, Silas e Marçal.
A imagem é real!
Leia sobre a canção no site
A imagem é real!
Heróis da Liberdade (1969) ouça |
Leia sobre a canção no site
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Evoé! Musa República!
O poeta americano Walt Whitman (1819-1892) saúda a nascente República brasileira:
***
Walt Whitman é um poeta maior, patriota, homossexual, libertário, precursor dos beatnicks e dos hippies. Barbudo como um arbusto, evoca-me Edgar Allan Poe, Paulo Leminsky e outros do mesmo quilate. Na internet:
- Uma mulher espera por mim
- Comentário e alguns poemas.
"A Christmas Greeting" (From a Northern Star-Group to a Southern. 1889-90) (fonte) |
***
With the Man (Paulo Leminsky) |
Walt Whitman é um poeta maior, patriota, homossexual, libertário, precursor dos beatnicks e dos hippies. Barbudo como um arbusto, evoca-me Edgar Allan Poe, Paulo Leminsky e outros do mesmo quilate. Na internet:
- Uma mulher espera por mim
- Comentário e alguns poemas.
domingo, 11 de novembro de 2007
Um rei que sabia demais!
Os shoppings das cidades do Brasil já contam com a presença de Papai Noel! O bom velhinho parece chegar mais cedo a cada ano. Ouvi o comentário de um deles – “É por causa do derretimento do Pólo Norte!”
Pois, não fosse a faixa presidencial e o matiz preto e branco envelhecido, muita gente poderia pensar que a foto da capa da Veja dessa semana é a do bom velhinho das renas. Mas trata-se do ex-imperador do Brasil, D. Pedro de Alcântara, mais conhecido como D. Pedro II.
Nosso segundo e último imperador, embora não esteja no panteão dos heróis da pátria, é um caso raro de conduta política digna marcada pela ética e pelo desprendimento. Além do mais, seu interesse pelas artes e ciências fez dele um personagem ímpar. Mais do que um “provável refúgio para a desolação emocional” – como nos escreveu a repórter da revista Veja – o interesse de D. Pedro II pela ciência foi compartilhado por muitos no séc. XIX.
As invenções, maravilhosas e assustadoras para a época, - como a locomotiva (1804), a fotografia (1835), o telégrafo (1835), o telefone (1860), o fonógrafo (1877) - e outras, realmente mudaram a maneira do ser humano se relacionar com o mundo. Afora isso, outros saltos intelectuais como a publicação da “Origem das Espécies”, por Charles Darwin em 1859, fizeram muitos acreditarem que a ciência chegava finalmente ao seu máximo! E que nada mais faltava pra ser inventado! Teorias como o positivismo de Augusto Comte (“Ordem e Progresso”) e a doutrina espírita de Allan Kardec estão intimamente ligados a essa maneira de ver o mundo.
Em 1876 os EUA comemoraram 100 anos de República e o imperador D. Pedro II foi até lá para participar das comemorações e visitar a Feira de Ciências da Filadélfia. Foi nessa feira que o imperador tornou-se uma das primeiras pessoas do mundo a falar ao telefone ("Meu Deus isso fala!") – gostou tanto que fez do Brasil o primeiro lugar a ter telefone fora dos EUA. Inclusive o próprio Alexandre Graham Bell agradeceu ao imperador com uma carta de próprio punho, considerando o interesse do monarca fundamental para despertar a atenção que o novo invento exigia.
Outra paixão foi a fotografia – que naquele momento se chamava ainda daguerreótipo. Ele comprava os aparelhos, importados e caros, e o presenteava talentos como Gilberto Ferrez, que se tornou o primeiro grande fotógrafo brasileiro. O próprio Pedro II foi fotógrafo amador e essas artes reais fizeram do Brasil um dos países com maior acervo de fotos do século XIX do mundo. O acervo de Ferrez está hoje no Instituto Moreira Sales e pode ser visitado online.
Também na música o rei foi um benemérito e exercia um mecenato que atingiu músicos amadores e corais de crianças negras ou brancas, tanto quanto o maior ídolo da música brasileira na época: Carlos Gomes, autor da conhecida ópera “O Guarani” – cuja protofonia toca até hoje no início do programa “Hora do Brasil” e é ainda familiar para muitos brasileiros. D. Pedro II também deu permissão para que Fred Figner – representante da Casa Edison no Brasil – vendesse o fonógrafo de Edison no Brasil. Com isso a família real tornou-se a primeira no país a deixar sons registrados no gravador da época e o país logo depois entrou na era das gravações que revolucionou a indústria cultural.
Pelo interessante apanhado de frases feitas pela reportagem da revista Veja podemos ter uma idéia geral das idéias de nosso ex-imperador.
Frases de D. Pedro II: |
Em tempos de corrupção infame e de um fisiologismo assustador, Pedro II, justamente um imperador, bem que podia servir de inspiração aos futuros políticos e velhas raposas da nossa tão malfadada Nova República.
Pra quem quiser ir mais fundo:
– As Barbas do Imperador, de Lilia Moritz Schwarcz.
- D. Pedro II: Ser ou não ser, de José Murilo de Carvalho.
- Citizen Emperor, Roderick J. Barman - historiador britânico hoje baseado no Canadá.
- D. Pedro II e seu mundo através da caricatura, de Araken Távora.
sábado, 3 de novembro de 2007
Feliz Dia de São Crispim!
Ontem foi dia de todos os santos... porém o atraso não invalida a saudação... 25 de Outubro é dia de São Crispim! Dia da 'Batalha de Azincourt', a famosa batalha da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) na qual os ingleses com um exército mais de três vezes menor venceram os franceses de milhares de soldados lutando em casa. A cena do filme 'Henry V' (1989) de Kenneth Branagah é memorável. Mas, o que me levou até a cena foi uma pesquisinha sobre a música "Non Nobis" que eu me lembrava do filme mesmo: - "Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam" (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória). A frase guarda uma profunda sabedoria transcendental e já foi a divisa dos cavaleiros templários.
Parece que esse blog é especializado em cinema... mas é pura coincidência...
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
O sonho da razão produz montros...
As relações ocultas que permeiam o cotidiano são intrigantes e reveladoras. De segunda para terça-feira sonhei com Adolf Hitler. Nunca antes eu havia sonhado com o “Fürher”. No sonho eu estava dando aula em Brusque –SC, em uma sala longa e estreita. Os alunos todos sentados e o general em pé com seu uniforme de guerra, olhando os mapas na parede. Para isso ele se debruçava por cima dos alunos e aquilo me incomodava. De cima do tablado, mesmo com medo eu imitava os passos marciais dos soldados nazistas e levantava o braço fazendo a conhecida saudação. Como era uma pantomima brincalhona obviamente que eu não estava à vontade, mas, Hitler, estático, continuava olhando os mapas... Até que repentinamente seus famosos olhos me encararam ameaçadoramente. A cena do sonho foi muito rápida e nítida! E apesar do sonho ser colorido, Hitler era preto e branco, como nas fotos que estamos acostumados. O sonho me incomodou tanto que acordei como em um pequeno choque.
Por que o sonho? Será pela matéria que vi no Fantástico, sobre a ação dos neonazistas de São Paulo? Por que Brusque? Será a colonização alemã? Conexões ocultas ou coincidência apenas o fato é que na noite de terça-feira o filme da Mostra Internacional de Cinema da TV Cultura me deixou mais ainda impressionado. Eu Fui a Secretária de Hitler. Um documentário feito por um relato cru de Frau Tradl Junge, secretária desde 1942 e participante dos últimos momentos do ditador.
Eu já tinha ouvido falar do filme na época de seu lançamento em 2002. Lembrava também ter ouvido falar da tal secretária a propósito do lançamento do filme "A Queda", uma ficção sobre os últimos dias de Hitler que ainda não assisti. Mas não tinha idéia da força de um depoimento. A força da 'História Oral'. Sem imagem e sem maquiagem. O filme mostra a importância dos relatos de contemporâneos para nos ajudar a pensar o mundo e as experiências humanas. Consegue nos prender a atenção, apesar de não haver outras imagens a não ser a octogenária Frau Tradl falando em seu apartamento.
O relato é impressionante e revelador da alma humana com todas as suas contradições. Relato triste e grotescos sobre pessoas que colocaram sonhos e ideais de conquista acima da ética com resultados desastrosos como todos sabem. Porém, Frau Tradl Junge deixa bem claro seu próprio veredicto a propósito de sua experiência única, na última cena do filme. Ela conta que quando foi finalmente libertada e anistiada em 1946, ao andar por uma rua de Berlim deparou-se com uma estátua em homenagem a uma jovem que fora assassinada por se recusar a participar da juventude nazista. Coincidentemente a jovem foi morta no mesmo dia em que Frau Tradl aceitou trabalhar para Hitler. E ela termina dizendo: - O fato de eu ser jovem não me exime da culpa de ter aceitado fazer o que fiz...
Desde o fim do século XVIII, o século das Luzes! O pintor espanhol Francisco Goya já alertava “O sonho da razão produz monstros”. Esses monstros ainda circulam entre nós.
Frau Tradl Junge morreu algumas horas depois do filme ter feito sua estréia nos cinemas de Berlim em 2002.
Por que o sonho? Será pela matéria que vi no Fantástico, sobre a ação dos neonazistas de São Paulo? Por que Brusque? Será a colonização alemã? Conexões ocultas ou coincidência apenas o fato é que na noite de terça-feira o filme da Mostra Internacional de Cinema da TV Cultura me deixou mais ainda impressionado. Eu Fui a Secretária de Hitler. Um documentário feito por um relato cru de Frau Tradl Junge, secretária desde 1942 e participante dos últimos momentos do ditador.
Eu já tinha ouvido falar do filme na época de seu lançamento em 2002. Lembrava também ter ouvido falar da tal secretária a propósito do lançamento do filme "A Queda", uma ficção sobre os últimos dias de Hitler que ainda não assisti. Mas não tinha idéia da força de um depoimento. A força da 'História Oral'. Sem imagem e sem maquiagem. O filme mostra a importância dos relatos de contemporâneos para nos ajudar a pensar o mundo e as experiências humanas. Consegue nos prender a atenção, apesar de não haver outras imagens a não ser a octogenária Frau Tradl falando em seu apartamento.
O relato é impressionante e revelador da alma humana com todas as suas contradições. Relato triste e grotescos sobre pessoas que colocaram sonhos e ideais de conquista acima da ética com resultados desastrosos como todos sabem. Porém, Frau Tradl Junge deixa bem claro seu próprio veredicto a propósito de sua experiência única, na última cena do filme. Ela conta que quando foi finalmente libertada e anistiada em 1946, ao andar por uma rua de Berlim deparou-se com uma estátua em homenagem a uma jovem que fora assassinada por se recusar a participar da juventude nazista. Coincidentemente a jovem foi morta no mesmo dia em que Frau Tradl aceitou trabalhar para Hitler. E ela termina dizendo: - O fato de eu ser jovem não me exime da culpa de ter aceitado fazer o que fiz...
Desde o fim do século XVIII, o século das Luzes! O pintor espanhol Francisco Goya já alertava “O sonho da razão produz monstros”. Esses monstros ainda circulam entre nós.
Frau Tradl Junge morreu algumas horas depois do filme ter feito sua estréia nos cinemas de Berlim em 2002.
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Um filme falado
Na noite dessa última terça-feira eu tive muita sorte. Já estava quase indo dormir quando parei pra ver qual seria o filme da TV Cultura na Mostra Internacional de Cinema. Quando o apresentador, Leon Kakoff, começou a falar achei até graça! Como pode existir um filme assim e eu nem suspeitar de sua existência?
Todos os professores de História deveriam assistir... E passar para seus alunos! O filme é uma viagem! Literalmente. Literariamente. Um cruzeiro pela bacia do Mediterrâneo e suas incríveis civilizações que colonizaram o mundo do Ocidente e do Oriente. Atrás da aparente simplicidade das conversas entre mãe e filha, e depois, na mesa redonda e poliglótica que se instalou no navio sob o comandante Malkovich, existe uma profunda reflexão sobre a Europa colonizadora e decadente e a condição humana atual.
E ainda de brinde, a beleza de Catherine Deneuve, que já deve ter passado dos sessenta anos! (Numa rápida pesquisa descubro que ela fez aniversário ontem!) O mistério da fala e da voz de Irene Papas (cantora grega que um dia teve um animado papo com Vinícius de Moraes...) e a bela jovem professora de História da Universidade de Lisboa além de outra bela ragazza na mesa do papo.
O filme foi feito em 2001 e lançado em 2003 pelo consagrado diretor português Manuel de Oliveira, na época com apenas 94 anos! Aliás, nesse ano de 2007 esse jovem faz 100 anos! Minha pátria é minha língua! Porém não há civilização que não afunde... somente a história sobrevive...
Confira mais fotos e sinopses e otras cositas más no site oficial do filme.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
"Vai pra lá que eu vou pra cá"... um drible que valeu por cinco gols!
"É como se o corpo recebesse uma luz repentina inexplicável..."
Robinho foi essa semana a encarnação dessa frase de Chico Buarque. Em uma partida com Maracanã lotado e 5 gols marcados, o lance mais visto e comentado foi justamente um drible!
Foi como se a torcida dissesse:
- Gol a gente vê toda hora!... Mas, drible como aquele...
Jogada inédita que já nasceu lembrando música! Inicialmente o Robinho chamou a jogada de "Um pra lá, dois pra cá!" muito bom! Pois foi o jogador adversário (um) pra lá e a bola e o dono da bola (dois) pra cá! Na Globo o Galvão Bueno lembrou-se no ato de um grande sucesso de João Bosco e Aldir Blanc na voz de Elis Regina, "Dois pra lá, dois pra cá" (1975). Ele citou até o nome dos compositores! É pra ver como essa canção foi marcante nos anos 70. E o Robinho pedalando em frente àquele João bem que poderia ter começado a cantar como a Elis:
- "Sentindo frio em minha alma... te convidei pra dançar..." e o marcador dançou...
Mas não foi só essa música que dançou na memória. Aliás, a mesma "luz repentina inexplicável" foi recebida por Chico quando criou uma linha de ataque imaginária e mitológica na canção "O Futebol" (1989) - que também traz uma expressão evocada na noite da consagração do drible do Robinho na linha do Equador: "Parafusar algum João"...
A expressão: - “Parafusar João”, nasceu das jogadas mitológicas do anjo das pernas tortas, Mané Garrincha, que com seus garranchos "parafusava" qualquer João que o marcasse. O marcador de Mané era sempre um “João” qualquer que ficava lá, parafusado no campo, sem qualquer reação, enquanto o anjo recebia a “luz repentina inexplicável” e passava voando com a bola levada por suas pernas tortas...
Em entrevista ao repórter Geneton Moraes Neto, de onde a epígrafe desse post foi extraída, Chico constata que a música e o futebol permitem atos de criação instantâneos, que fascinam e encantam.
A ídéia do criador ginga quando cria...
E a nossa fica lá, parafusada, gingando no lance do criador...
recebendo aquela luz repentina e inexplicável...
Robinho foi essa semana a encarnação dessa frase de Chico Buarque. Em uma partida com Maracanã lotado e 5 gols marcados, o lance mais visto e comentado foi justamente um drible!
Foi como se a torcida dissesse:
- Gol a gente vê toda hora!... Mas, drible como aquele...
Jogada inédita que já nasceu lembrando música! Inicialmente o Robinho chamou a jogada de "Um pra lá, dois pra cá!" muito bom! Pois foi o jogador adversário (um) pra lá e a bola e o dono da bola (dois) pra cá! Na Globo o Galvão Bueno lembrou-se no ato de um grande sucesso de João Bosco e Aldir Blanc na voz de Elis Regina, "Dois pra lá, dois pra cá" (1975). Ele citou até o nome dos compositores! É pra ver como essa canção foi marcante nos anos 70. E o Robinho pedalando em frente àquele João bem que poderia ter começado a cantar como a Elis:
- "Sentindo frio em minha alma... te convidei pra dançar..." e o marcador dançou...
Mas não foi só essa música que dançou na memória. Aliás, a mesma "luz repentina inexplicável" foi recebida por Chico quando criou uma linha de ataque imaginária e mitológica na canção "O Futebol" (1989) - que também traz uma expressão evocada na noite da consagração do drible do Robinho na linha do Equador: "Parafusar algum João"...
"O Futebol" (1989) - Chico Buarque Para estufar esse filó Como eu sonhei Só Se eu fosse o Rei Para tirar efeito igual Ao jogador Qual Compositor Para aplicar uma firula exata Que pintor Para emplacar em que pinacoteca, nega Pintura mais fundamental Que um chute a gol Com precisão De flecha e folha seca Parafusar algum joão Na lateral Não Quando é fatal Para avisar a finta enfim Quando não é Sim No contrapé Para avançar na vaga geometria O corredor Na paralela do impossível, minha nega No sentimento diagonal Do homem-gol Rasgando o chão E costurando a linha Parábola do homem comum Roçando o céu Um Senhor chapéu Para delírio das gerais No coliseu Mas Que rei sou eu Para anular a natural catimba Do cantor Paralisando esta canção capenga, nega Para captar o visual De um chute a gol E a emoção Da idéia quando ginga (Para Mané para Didi para Mané Mané para Didi para Mané para Didi para Pagão para Pelé e Canhoteiro) |
A expressão: - “Parafusar João”, nasceu das jogadas mitológicas do anjo das pernas tortas, Mané Garrincha, que com seus garranchos "parafusava" qualquer João que o marcasse. O marcador de Mané era sempre um “João” qualquer que ficava lá, parafusado no campo, sem qualquer reação, enquanto o anjo recebia a “luz repentina inexplicável” e passava voando com a bola levada por suas pernas tortas...
Em entrevista ao repórter Geneton Moraes Neto, de onde a epígrafe desse post foi extraída, Chico constata que a música e o futebol permitem atos de criação instantâneos, que fascinam e encantam.
A ídéia do criador ginga quando cria...
E a nossa fica lá, parafusada, gingando no lance do criador...
recebendo aquela luz repentina e inexplicável...
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Eu tinha 5 anos na Copa de 1970. Mesmo assim lembro-me do clima de festa. Minha mãe, grávida de meu segundo irmão, querendo arrumar logo a casa porque meu pai chegaria mais cedo do trabalho. Afinal o Brasil ia jogar na televisão e isso era uma coisa especial.
Aliás, o filme será muito mais especial para essa geração da qual faço parte - que tinha de uns 5 a uns 15 anos nesses tempos do “Milagre Brasileiro”. A passagem do tempo é impressionante, experiência pessoal e única. Aos poucos vamos assistindo nossas lembranças pessoais de infância se transforarem em parte da memória coletiva do Brasil contemporâneo. O interior do fusca, a tv preto e branco, a antena com Bom-Bril, o Sugismundo, o álbum de figurinhas, o jogo de botão, o golaço, Pelé, Tostão, Aero Willis, DKW e ditadura. Tudo está presente nas cenas do filme e em nossas lembranças.
O cuidado com os detalhes cenográficos, a atuação das crianças, o roteiro impecável, tudo no filme impressiona. Além de uma leveza e sensibilidade original, pois, apesar do tema pesado, o filme se recusa à provocação do choro fácil ou a mais uma cena de tortura, tão comum em filmes sobre essa época.
A copa de 70 foi a primeira que o Brasil assistiu pela televisão e isso teve um impacto memorável. A música "Pra Frente Brasil" de Miguel Gustavo é até hoje lembrada e cantada por muitos. O coro de assobios da gravação original foi uma solução genial e inconfundível - além de ser bem difícil de imitar... Depois dessa música sempre lembramos a população do Brasil em 1970: 90 milhões. Hoje somos o dobro de pessoas em ação, mas ninguém atualiza esse número quando canta, a exemplo do Jota Quest que num lance de oportunismo gravou a música para a Copa de 2006.
"Pra frente Brasil" (1970) - Miguel Gustavo Noventa milhões em ação, Pra frente Brasil... do meu coração Todos juntos vamos Pra frente Brasil, Salve a Seleção! De repente é aquela corrente pra frente, Parece que todo o Brasil deu a mão... Todos ligados na mesma emoção... Tudo é um só coração! Todos juntos vamos pra frente Brasil, Brasil! Salve a Seleção !!! (bis) |
Os filmes nos ajudam a pensar nossa experiência de mundo. Excitam nossa memória e imaginação. A ‘Copa de 70’ já tem mais uma referência obrigatória de arte e memória. E como na canção que comemora... Não me furto à vontade de terminar cantando o finalzinho do “Parabéns pra você”, com a empolgação de um menino: - Rá-tim-bum! Cao Hamburger, Cao Hamburger!
Ah! O filme foi escolhido para representar o Brasil na luta por uma vaga para o Oscar 2008. Houve quem preferisse o polêmico 'Tropa de Elite', mas a Academia de Hollywood não gosta de violência e talvez tenha uma simpatia especial pelos velhinhos do Brooklim paulistano! Shalom!
O ano em que meus pais saíram de férias
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
PEIDEI mas não fui eu...
O tempo do lobo bobo já era!
João Luís Woerdenbag Filho, vulgo Lobão, deu essa semana uma aula de marketing pessoal. De camiseta preta com a frase branca "PEIDEI, mas não fui eu", foi à TV Senado, a uma rádio – do exército! - em Brasília e ao Programa do Jô. À primeira vista a camiseta incomoda como um pum. Quando ele explica que é por causa do contexto político atual, a camiseta preta ganha um status menos bunda e fica mais cabeça. Segundo ele, o choque é muito maior do que o batido "nariz de palhaço", ou o carola "dignidade já!", ou o brochante "cansei".
Assisti à entrevista no Jô (25/09/2007) e claro que só se falou da tal camiseta e do momento político que estamos vivendo. Aliás, com essa conotação política, a camiseta seria oportuna em quase todos os momentos da história do Brasil. Lobão disse ainda que o PEIDEI é o embrião de um partido político, o PMNFE(Peidei, mas não fui eu), e que no próximo carnaval vai ter o bloco do PEIDEI. Segundo ele, só mesmo com muita galhofa podemos enfrentar os disparates da política nacional.
Então ele deu asas à sua imaginação galhofeira! Pegou a melodia de "O que será" de Chico Buarque e compôs um imbróglio nervoso, que ele disse impressionar pela prosódia... Depois fez um convite público ao Chico, ao Milton e ao Caetano para gravarem com ele! Os quatro cantando juntos! Isso logo depois de ter dito que a 'esquerda musical' (sic!) desse país estava meio calada...
Ah! Ele também está lançando o seu Acústico MTV - hahá! Depois de muito brigar com gravadoras e tentar soluções inovadoras como vender cd em banca de jornal; depois de se tornar um dos caras que mais entendem de custo e distribuição de cds no Brasil; Lobão volta para as 'velhas' mídias que lhe possibilitam uma visibilidade muito maior. Visibilidade essa que ele consegue ampliar... como quem solta um pum... discreto, mas causando muito barulho logo em seguida.
"Ó quem será que peidar" (2007) que tire o cu da reta e não demore com a mão amarela, se inocente que sem prova concreta não dá pra pegar e todos os trambiques irão te salvar com todos os auxílios da presidência e todo benefício da leniência de todos os decretos que te aliviam pois quem não tem vergonha quando chafurda não entende o desespero de coisa alguma pois quem não tem decoro, nem nunca terá porque não dá castigo. Ó quem será que peidar que apague a luz dos aeroportos pra debaixo do tapete todos os mortos e vem gente me pedindo: relaxa e goza colhendo os impostos para a mesada na eterna incompetência do governante impondo com orgulho a falcatrua a dança do larápio que ganha a rua enquanto que a gente a se perguntar aonde é que a gente então vai parar e se não tem remédio, pra que implorar a quem não dá ouvido Ó quem será que peidar desfaça o flagrante dos mensaleiros e faça um desagravo pros brasileiros é só um feriado que a gente esquece se benza duas vezes com a mão na massa com a cara de enlevo ninguém vai notar triplique o dinheiro pra olimpíada com a cara de tacho que te consagra no próximo vexame ninguém vai lembrar não há merecimento nem nunca haverá por que ninguém exige nem exigirá tua cabeça a prêmio.
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Ele cantando até que fica melhor do que lido... mas assim como a camiseta... só impressiona a primeira vez. Além do que a métrica é toda torta... putz! É a tal estética ‘rock’n roll’...
Porém, gostei da entrevista e gostei da camiseta. A MTV também deve ter adorado!
O Chico Buarque é que não deve ter gostado muito de ter sido chamado de 'esquerda musical'...
No neoliberalismo global mundializado até indignação vira marketing.
Nessa vida bandida, meus heróis morreram de overdose, na velocidade da queda...
Click e Compre a Camiseta!
E logo depois já rolava no youtube...
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